As doenças autoinflamatórias são doenças genéticas raras, muitas vezes, difíceis de serem diagnosticadas, e que afetam o sistema imunológico do organismo, fazendo com que ele ataque os próprios tecidos saudáveis. Estas doenças afetam principalmente as células responsáveis pela inflamação, o que leva a crises inflamatórias recorrentes e sintomas crônicos em diferentes órgãos do corpo.
As causas exatas da ativação anormal do sistema imunológico nas doenças autoinflamatórias ainda não são totalmente compreendidas, mas acredita-se que mutações genéticas possam desempenhar um papel importante em muitos casos. Essas mutações podem afetar proteínas importantes no sistema imunológico, alterando sua função normal e levando à inflamação crônica.
Outras teorias sugerem que fatores ambientais, como infecções virais, podem desencadear a ativação anormal do sistema imunológico em pessoas com predisposição genética para doenças autoinflamatórias. O estresse e a exposição a toxinas também podem ser fatores contribuintes.
Independentemente da causa subjacente, a inflamação crônica resultante das doenças autoinflamatórias pode causar danos significativos a diferentes partes do corpo, incluindo as articulações, a pele, os olhos e os órgãos internos. Por isso, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para minimizar os danos e melhorar a qualidade de vida dos pacientes afetados por essas doenças complexas.
Os tipos de doenças autoinflamatórias
Há mais de 30 tipos diferentes de doenças autoinflamatórias, cada uma com suas próprias características e sintomas. As 8 principais são:
- Síndrome de Behçet: uma doença rara que afeta a boca, os olhos, a pele e os órgãos internos. Os sintomas incluem feridas na boca e genitais, inflamação ocular e dor nas articulações.
- Febre familiar do Mediterrâneo: uma doença hereditária que causa episódios recorrentes de febre, dor abdominal e inflamação em várias partes do corpo.
- Síndrome periódica associada à criopirina: uma doença hereditária que causa inflamação crônica e episódios de febre, dor abdominal e erupções cutâneas.
- Síndrome de Sweet: uma condição rara que causa inflamação da pele e tecido subcutâneo, além de febre e dor nas articulações.
- Síndrome de Muckle-Wells: uma doença genética que causa inflamação recorrente na pele, olhos e articulações, além de febre e fadiga.
- Síndrome de Aicardi-Goutières: uma doença hereditária rara que afeta o sistema nervoso central e causa inflamação cerebral.
- Doença de Kawasaki: uma doença inflamatória que afeta principalmente crianças e causa febre alta, erupção cutânea e inflamação das artérias coronárias.
- Síndrome de CINCA/NOMID: uma doença rara que causa inflamação crônica em várias partes do corpo, incluindo a pele, o sistema nervoso e as articulações.
Sintomas
Os sintomas das doenças autoinflamatórias variam de acordo com o tipo de doença, mas geralmente incluem crises inflamatórias recorrentes e sintomas crônicos. Alguns dos sintomas mais comuns incluem:
📌 Febre;
📌 Dores abdominais;
📌 Dores nas articulações;
📌 Inchaço e vermelhidão na pele;
📌 Fadiga;
📌 Perda de peso;
📌 Dores de cabeça.
Os sintomas podem ser graves e incapacitantes, afetando significativamente a qualidade de vida das pessoas afetadas. Por isso, é importante que estas doenças sejam diagnosticadas o mais cedo possível para que o tratamento adequado possa ser iniciado.
Diagnóstico
O diagnóstico das doenças autoinflamatórias geralmente é feito por meio de uma combinação de exames clínicos, laboratoriais e testes genéticos. O histórico médico do paciente é muito importante, pois os sintomas podem ser semelhantes aos de outras doenças, como doenças autoimunes e infecciosas.
Os exames laboratoriais incluem testes para medir a inflamação, como a proteína C-reativa (PCR) e a velocidade de sedimentação globular (VHS) além de exames para detectar anticorpos e outras substâncias no sangue.
Os testes genéticos são necessários para identificar mutações em genes específicos que estão associados a doenças autoinflamatórias.
É importante que o diagnóstico seja feito por um médico especialista em doenças autoinflamatórias, como um Reumatologista ou um Alergista e Imunologista. O diagnóstico precoce pode ajudar a evitar complicações graves e melhorar a qualidade de vida do paciente.
Tratamentos
O tratamento das doenças autoinflamatórias é individualizado e depende do tipo de doença e dos sintomas apresentados pelo paciente. Os objetivos são controlar as crises inflamatórias, reduzir a inflamação crônica, aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente.
Alguns dos tratamentos disponíveis atualmente são:
🔸 Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs): medicamentos que reduzem a inflamação e aliviam a do;
🔸 Corticosteroides: medicamentos que reduzem a inflamação e são usados em doses baixas e curto prazo nas crises mais graves, mas que podem ter efeitos colaterais a longo prazo.
🔸 Imunossupressores: medicamentos que suprimem o sistema imunológico, como ciclosporina, metotrexato, colchicina e tocilizumabe, podem ser usados para controlar a inflamação crônica.
🔸 Terapias biológicas: medicamentos que são produzidos a partir de células vivas e que visam bloquear as proteínas envolvidas na inflamação, como o anakinra e o canakinumabe.
🔸 Além dos medicamentos, outras opções de tratamento são a terapia ocupacional e a fisioterapia, que ajudam a aliviar os sintomas nas articulações e a melhorar a mobilidade.
🔸 Nos casos mais graves, o transplante de medula óssea pode ser considerado como uma opção de tratamento.
Prevalência
As doenças autoinflamatórias são consideradas doenças raras e ainda não há dados precisos sobre sua prevalência. No entanto, estudos recentes indicam que a incidência dessas doenças pode estar subestimada e que muitos casos ainda não foram diagnosticados.
A síndrome autoinflamatória familiar por frio (SAFF), por exemplo, é uma das doenças autoinflamatórias mais comuns e afeta cerca de 1 em cada 200.000 pessoas. Já a síndrome de Muckle-Wells, outra doença autoinflamatória, tem uma prevalência estimada de 1 em 1.000.000 de pessoas.
Como as doenças autoinflamatórias afetam as mulheres?
As doenças autoinflamatórias podem afetar tanto homens quanto mulheres, mas alguns tipos são mais comuns em mulheres como a síndrome de Behçet, por exemplo, que pode afetar a saúde reprodutiva, causando complicações na gravidez.
As doenças autoinflamatórias também podem afetar a saúde mental das mulheres. Estudos mostram que as mulheres afetadas por tais doenças têm maior risco de desenvolver transtornos de ansiedade e depressão, principalmente devido aos efeitos negativos na qualidade de vida.
Portante, é importante buscar apoio emocional, além de tratamento médico, para lidar com as complicações associadas.
Conclusão
Além da evolução no diagnóstico e tratamento das doenças autoinflamatórias, a pesquisa científica continua a expandir nosso conhecimento sobre essas condições complexas. Novas descobertas estão sendo feitas regularmente sobre as causas das doenças autoinflamatórias, incluindo o papel de diferentes genes e proteínas no sistema imunológico.
Estes avanços promissores podem levar a novos tratamentos e opções terapêuticas no futuro. Além disso, a pesquisa também está ajudando a entender melhor como as doenças autoinflamatórias podem afetar outras partes do corpo, além dos sintomas mais conhecidos.
Portanto, é importante continuar apoiando pesquisas científicas sobre essas condições para que possamos melhorar a compreensão e o tratamento destas doenças raras e desafiadoras.
Se você apresenta sintomas recorrentes de inflamação, é importante procurar um médico Alergista e Imunologista para investigar a causa subjacente e receber o tratamento necessário para melhorar sua qualidade de vida.
Caso esteja vivenciando os sintomas aqui mencionados, procurando por tratamento ou ainda tenha dúvidas com relação a estas doenças, não deixe de visitar nosso site agora mesmo e agendar a sua consulta.
Conte sempre com sua Alergista e Imunologista.
Dra. Natasha R. Ferraroni